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As chuvas torrenciais do fim-de-semana provocaram mais de 100 mortos, incluindo mais de 20 raparigas que participavam num campo de férias. As equipas de socorro continuam à procura de dezenas de pessoas dadas como desaparecidas.

Vários perfis de esquerda na plataforma X alegaram, sem fundamento, que os cortes de pessoal no Serviço Nacional de Meteorologia (NWS, na sigla em inglês), efectuados pelo governo do Presidente republicano Donald Trump, “prejudicaram” a capacidade da instituição em emitir previsões.

Apesar de o NWS, à semelhança de outras agências, ter sofrido cortes significativos de pessoal e orçamento durante a presidência de Trump, especialistas garantem que os seus meteorologistas cumpriram eficazmente as suas funções.

“Foi dito que as agências meteorológicas não previram as inundações catastróficas no Texas, mas isso simplesmente não corresponde à verdade”, escreveu Daniel Swain, climatologista da Universidade da Califórnia em Agricultura e Recursos Naturais, na rede Bluesky.

“Foi um evento extremo, mas a informação intensificou-se rapidamente cerca de 12 horas antes [...]. As localidades afectadas pelas cheias receberam pelo menos uma ou duas horas de aviso directo do Serviço Nacional de Meteorologia”, acrescentou.

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Segundo uma análise da cadeia CBS News, o NWS emitiu 22 alertas para o condado de Kerr e a zona de Kerrville, onde se registaram as inundações mais graves.

“Este foi, de facto, um fenómeno súbito e de grande escala, ocorrido no pior momento possível [de noite]. Mas o problema, mais uma vez, não esteve na previsão meteorológica: foi na disseminação de alertas/prognósticos de última hora”, sublinhou Swain.

Entretanto, teóricos da conspiração ligados à direita alegaram falsamente nas redes sociais que o governo teria causado as inundações através da técnica de sementeira de nuvens — um método artificial de indução de chuva.

Contudo, diversos especialistas asseguram que as tecnologias de modificação climática não estiveram envolvidas nas cheias ocorridas no Texas.

'Propagação rápida' de falsidades

“As falsas alegações, tanto da esquerda como da direita, espalharam-se amplamente nas redes sociais após as catastróficas inundações no Texas”, escreveram Sarah Komar e Nicole Dirks, do grupo de monitorização de desinformação NewsGuard, num relatório.

Sempre que ocorrem fenómenos meteorológicos extremos, surgem teorias da conspiração que afirmam que esses eventos são provocados ou controlados por grupos humanos.

Após catástrofes naturais, a desinformação tende a disparar nas redes, alimentada por contas de todo o espectro político — precisamente numa altura em que muitas plataformas reduzem a moderação de conteúdos e a dependência de verificadores de factos.

Nem os meios de comunicação tradicionais escaparam à propagação de desinformação online.

“Tal como noutros desastres anteriores, as inundações [no Texas] desencadearam uma vaga de desinformação de rápida difusão e servem de alerta para a vigilância necessária por parte dos jornalistas em acontecimentos com grande carga emocional”, advertiu o instituto de media sem fins lucrativos Poynter.

O Kerr County Lead, um meio de comunicação local, foi forçado a retratar-se de uma história falsa sobre o suposto resgate milagroso de duas raparigas que se teriam agarrado a uma árvore durante as inundações.

A história surgiu inicialmente em publicações nas redes sociais que rapidamente se tornaram virais, mas um responsável local garantiu que era “100% falsa”.

“Como todos, queríamos acreditar que esta história era verdadeira, mas trata-se de um exemplo clássico de desinformação”, escreveu Louis Amestoy, editor do Kerr County Lead, numa nota aos leitores no domingo. “Infelizmente, a história não é verídica”, concluiu.