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De acordo com a CNN Climate, o verão antes ligado ao "descanso" e lazer" tornou-se uma estação marcada pela "ansiedade" e "perturbação".
A poluição dos combustíveis fósseis juntamente com outros fatores transformaram os últimos meses num "perigo crescente" de ondas de calor, deflagração de incêndios e cheias "catastróficas".
Este verão tem sido particularmente trágico nos EUA no que toca a cheias, o que sublinha a volatilidade do mundo em aquecimento. Segundo cientistas climáticos, "não é um acidente" estas cheias que se traduzem em descargas correspondentes a 100 a 1000 anos a acontecer simultaneamente em vários dias em vários Estados. .
Grande parte da área norte-americana tem estado sob um verão húmido com uma grande quantidade de humidade. Com as frentes frias, essa humidade pode ser "espremida como uma esponja" e afetar toda uma localidade. Este efeito tem levado ao que os meteoreologistas chamam de "água precipitável", que é a chuva proveniente de todo o vapor de água. O padrão tem levado a um número de cheias consecutivas.
Nas cheias do Texas, o 24notícias reportou que a cidade enfrentou "uma das piores tragédias naturais da sua história recente, com mais de 100 mortos".
Também no Novo México, em Ruidoso, três pessoas morreram numa cheia fruto de chuvas torrenciais. Em Chicago registou-se um evento pluviométrico com a duração de 1000 anos. Inundações repentinas e generalizadas chegaram até Nova Iorque. E, na semana passada, foi a vez do Kansas ser inundado a 17 de julho.
No sábado, segundo a CBS News, na região de Montgomery County, Maryland, localizado a norte de Washington D.C a precipitação extrema provocada pelas tempestades causou inundações "repentinas" que prendeu muitas pessoas em edifícios e carros.
Estas precipitações têm apenas 0,1% hipótese de ocorrer num determinado ano, mas as alterações climáticas estão a colocar os dados a favor da precipitação extrema.
Quando se fala, por exemplo, de eventos de “1000 anos”, está a falar-se da probabilidade de ocorrência destes eventos na ausência de aquecimento provocado pelo homem (ou seja, a frequência com que seriam esperados apenas pela variabilidade natural)", afirmou o cientista climático Michael Mann ao meio americano.
Os outros fatores também foram identificados, tais como padrões meteorológicos persistentes de grande escala conhecidos como “ressonância atmosférica”, que podem tornar ainda mais provável a ocorrência de condições meteorológicas extremas, incluindo inundações. A ressonância atmosférica pode acontecer com padrões ondulantes de correntes de jato na atmosfera, resultando em sistemas meteorológicos que se mantêm durante semanas.
Um estudo recente em que Michael Mann trabalhou concluiu que, a incidência destes padrões climáticos triplicou desde meados do século XX durante os meses de verão. O problema identificado é que estes padrões “não são necessariamente bem captados nos modelos climáticos”, afirmou. Isto aumenta a incerteza sobre as projeções futuras das tendências meteorológicas extremas.
A forma como o aquecimento global afecta os fenómenos de precipitação intensa é bem conhecida, segundo a climatologista Kate Marvel.
“Este é quase um exemplo clássico dos impactos das alterações climáticas”, disse à CNN. "A ciência por detrás disto é tão básica que se pode ver na vida quotidiana. A água quente provoca mais evaporação - a casa de banho fica muito mais vaporosa depois de um banho quente do que de um banho frio", disse.
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