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Como tudo começou
Os primeiros ataques do grupo de 50 jovens foram considerados atos isolados. À quarta noite de violência, a população começou a ficar preocupada, sendo os ataques principalmente dirigidos aos imigrantes, bairros com estrangeiros e mesquitas.
Alguns de rostos cobertos, os atacantes invadiram as ruas de Torre Pacheco, em Múrcia, atirando garrafas de vidro contra as autoridades e construindo barricadas de caixotes de lixo.
Anteriormente, já tinham sido registados incidentes num bairro com elevada concentração de população magrebina, mas não chegaram a evoluir desta forma.
Duante a noite, os jovens voltaram a insistir, tendo atingido o pico de tensão no quarto dia, quando os confrontos contra os residente de Torre Pacheco resultaram na agressão de um homem de 68 anos.
Segundo a SIC Notícias, 30% da população do município é imigrante. Atacados, os residentes estrangeiros responderam "na mesma moeda".
Em San António, localidade do município de Cartagena, os marroquinos residentes saíram à rua, em resposta à violência dirigida a grupos migrantes. As autoridades, que se tinham preparado com drones e carros blindados para garantir o controlo do local, conseguiram dispersar o grupo.
O medo de sair à rua foi crescendo, mobilizando a Guardia Civil e a população, numa tentativa de acalmar a população.
Grupos online preparavam "caça a imigrantes"
Apesar das tentativas dos líderes dos bairros de dissipar os grupos de jovens, o ódio cresceu. Na internet, organizaram-se em grupos de protesto, movidos pela ideia de "caça aos imigrantes", que acabaria por ser evitada, segundo o jornal espanhol Diario de Santiago.
O extremismo e a xenofobia foram os motores dos ataques desta semana, que levaram o país a refletir sobre a rápida dispersão do discurso racista online.
A rede social Telegram foi o principal veículo de difusão e organização destes jovens, de acordo com o jornal El País.
O grupo foi encerrado pelas autoridades esta segunda-fera, por "incitar à violência". No entanto, as repercussões dos incidentes resultaram principalmente numa sensação de insegurança, ameaças e no agravamento da marginalização dos imigrantes no sul de Espanha.
De acordo com o jornal espanhol, não era difícil entrar no Telegram, bastaria ser adicionado por alguém que já pertencia. Depois de entrar, os membros do grupo tinham apenas de enviar uma mensagem de acesso, que dizia: "Deportem-nos agora". A conversa seguia com a troca de ofensas e ameaças de morte dirigidas a migrantes, e ainda com a partilha de símbolos nazis.
Detidos 10 suspeitos de agressão
Desde sexta-feira, 10 pessoas foram detidas na sequência de protestos anti-imigração, sendo o último suspeito um jovem de 19 anos, de origem magrebina.
Numa publicação na rede social X, a delegada do governo central espanhol na região de Múrcia, Mariola Guevara, revelou a detenção do terceiro suspeito da agressão ao pensionista em Torre Pacheco que motivou o início dos distúrbios em Múrcia.
"Com a detenção em Guipuzkoa do presumível agressor no bairro de Torre Pacheco, já são 10 os detidos por este caso e incidentes posteriores", indicou Guevara.
A resposta de Guardia Civil
Pedro Ángel Roca, presidente da Câmara de Torre Pacheco, informou que, durante a madrugada desta segunda-feira, 14 de Julho, estiveram no terreno cerca de 100 agentes, entre Guardia Civil e polícia local.
O medo de sair à rua é transversal aos vários residentes, como resultado da tensão entre espanhóis e estrangeiros.
Foram presos três espanhóis por agredir um grupo de jornalistas e um menor marroquino. Foram ainda registados assaltos a lojas de imigrantes, com a arremessa de garrafas de vidro e a vandalização dos espaços.
Nas ruas, os grupos de imigrantes respondem à violência, tendo sido detidos também alguns marroquinos.
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