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Jordi Pujol, que liderou o governo regional da Catalunha (Generalitat) entre 1980 e 2003, os seus sete filhos e outras 16 pessoas são acusados de associação ilícita, branqueamento de capitais, falsificação de documentos e crimes contra as finanças espanholas, num caso relacionado com a ocultação de uma fortuna familiar em Andorra e suspeitas de comissões na adjudicação de obras públicas.

Hoje com 95 anos, Jordi Pujol está "sem condições físicas e cognitivas" para ser julgado e "defender-se de maneira autónoma", alegou recentemente a defesa do ex-presidente catalão. Na sequência desta alegação, a primeira sessão do julgamento, agendada para a Audiência Nacional espanhola, em Madrid, arrancará com uma videoconferência entre a sala do tribunal e a casa de Jordi Pujol, em Barcelona, após a qual os juízes tomarão uma decisão em relação ao ex-presidente da Generalitat, havendo a possibilidade de não chegar a ser julgado.

Em julho de 2014, e depois de notícias publicadas pelo jornal El Mundo, Jordi Pujol confessou num comunicado que a sua família mantinha há anos uma fortuna oculta em Andorra, que disse ser resultado de uma herança.

Foi uma confissão que abalou a Catalunha e o resto de Espanha e levou à queda em desgraça de uma figura de referência na oposição à ditadura de Francisco Franco e depois da transição para a democracia, da consolidação do regime democrático em Espanha e da afirmação do nacionalismo catalão.

Pujol foi, à frente do governo regional catalão, um ator essencial da política espanhola, tanto na Catalunha como a nível nacional, assumindo-se também garante de estabilidade de sucessivos executivos de Espanha, através de vários acordos parlamentares.

"Se a confissão não tivesse ocorrido, um dia a melhor rua teria sido para ele. (...) o seu desaparecimento teria sido glorioso, como foi o de Adolfo Suárez [ex- primeiro-ministro que é a cara da transição espanhola e dá nome ao aeroporto de Madrid]", escreveu em 2015 o jornalista do EL Pais LLuis Bassets, para explicar o abalo que provocou este caso na Catalunha e em Espanha.

À confissão de Pujol seguiu-se uma investigação policial que alargou os potenciais crimes e os potenciais envolvidos, até ao grupo de mais de 20 pessoas que começará agora a ser julgado.

O processo coincidiu com o estalar do movimento independentista catalão que culminou com uma declaração unilateral de independência em 2017, algo que sublinha a defesa de Pujol, para argumentar que o ex-presidente da Generalitat foi também uma das vítimas de diversas manobras políticas e policiais ocorridas em Espanha neste período.

Uma dessas manobras foi a "polícia patriótica" durante o primeiro mandato do primeiro-ministro Mariano Rajoy (2011-2015), uma rede de responsáveis policiais que, com uma "guerra suja", visava desacreditar adversários do Partido Popular (PP), incluindo independentistas e nacionalistas catalães, no que ficou conhecido como "operação Catalunha".

Por outro lado, e após mais de dez anos de processo, alguns dos crimes que constam da acusação estão já prescritos, considera a acusação.

O Ministério Público pede nove anos de prisão para Jordi Pujol e penas de entre 29 e oito anos de prisão para os sete filhos, com a acusação de que "pelo menos desde o ano 1991" ocultaram em Andorra "uma ingente quantidade de dinheiro" oriundo de "favorecimento a determinados empresários para lhes serem adjudicados diferentes concursos públicos da administração pública catalã".

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