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De acordo com o despacho de indiciação a que a Lusa teve acesso, o agente da PSP, que antes de ser detido na terça-feira estava na Polícia Municipal de Lisboa, é um dos três fundadores do grupo neonazi, criado em 2018. Os outros dois fundadores são um motorista de pesados, que também foi detido na terça-feira, e uma segurança da área privada.
A Polícia Judiciária deteve na terça-feira seis suspeitos de pertencerem ao MAL, tendo quatro ficado em prisão preventiva, depois de presentes a juiz de instrução para aplicação das medidas de coação.
Quatro dos arguidos estão agora indiciados pelos crimes de infrações relacionadas com grupo terrorista, cuja pena de prisão vai dos 8 aos 15 anos, e por infração terrorista. Todos os seis arguidos estão indiciados por detenção de arma proibida.
No despacho, o Ministério Público adianta que este grupo apresenta semelhanças com grupos internacionais já conhecidos pelas autoridades, alguns também com membros detidos e que usavam armas 3D, e descreve o MAL como um movimento nacionalista extremista que se dedica à propaganda anti-imigração e anti-sistema de incitamento ao ódio e violência contra imigrantes e refugiados.
Com a pandemia, este grupo começou a defender teorias negacionistas e, mais tarde, em 2022, com o início da guerra na Ucrânia, acrescentou a narrativa das consequências económicas provocadas pelos governos de esquerda na Europa.
Três anos depois da fundação do MAL, este grupo neonazi decidiu, em meados de 2021, começar a recrutar novos membros, tendo o polícia da PSP e o motorista de pesados - dois dos fundadores - recorrido a canais como o ‘Telegram’ e o ‘Signal’ para criar conversas e espalhar a mensagem.
Terão sido, segundo o MP, selecionados centenas de candidatos que se inscreviam através do preenchimento de boletins que continham dados como a constituição física, profissão, aptidão militar. Nesta seleção, eram privilegiados candidatos com conhecimentos em manuseamento de armas.
O motorista de pesados teria a função de avaliar as fichas dos candidatos e o agente da PSP teria a pasta das entrevistas presenciais. A preferência seria sempre para militares, agentes das forças de segurança e ramo da segurança privada. Caso a avaliação fosse positiva, acrescenta o MP, os candidatos eram adicionados em canais privados.
Com estas ações, estes dois arguidos terão conseguido criar células autónomas em vários pontos do país, de norte a sul, e passaram a comprar materiais e equipamentos para conseguirem fabricar armas em 3D.
Esta organização incentivava, lê-se ainda no documento, à aquisição de armas e ao treino tático de tiro. O objetivo era o de, acredita o MP, difundir a rejeição pelas instituições estatais, através a eventual eliminação do estado de direito democrático.
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