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“Desloco-me sempre de cadeira de rodas, e adoro festivais. Venho aqui desde o início. É ótimo ver que todos os anos está melhor e a acessibilidade é mais pensada e permite que possam vir (todos) a um festival e ele seja para todos”, disse Felismina Gomes à Lusa, no Parque da Bela Vista, em Lisboa, que entre hoje e sábado acolhe a 4.ª edição do festival Kalorama.
Felismina Gomes, que é campeã nacional feminina de paraciclismo, tem pulseira para os três dias, porque no cartaz são vários os artistas que quer ver.
Um acidente há nove anos obrigou a que lhe amputassem as duas pernas acima do joelho, o que faz com que hoje em dia precise de uma cadeira de rodas para se deslocar.
Na companhia da filha, que é a sua assistente pessoal e por isso teve direito a um bilhete gratuito, Felismina Gomes dirigiu-se até ao Parque da Bela Vista de carro, estacionando num parque destinado a pessoas com mobilidade reduzida, perto da entrada, onde havia assistentes que a ajudaram a chegar ao recinto, contou à Lusa.
À chegada, dirigiu-se ao espaço da Total Mobility, onde trocou a sua cadeira de rodas por uma outra, com um propulsor elétrico, que lhe “permite usufruir melhor e mais comodamente do festival”.
Embora sinta que a experiência melhorou, “há ainda arestas para limar”.
“O terreno [do Parque da Bela Vista] é acidentado e às vezes é difícil, mas muitas vezes [os ‘stands’, sobretudo de marcas] fazem uma rampa só para dizerem que têm uma rampa”, lamentou.
Além disso, assinala também o facto de “haver bares que ainda não têm balcão rebatido”.
“Bem sei que já há formação para as pessoas [que estão a trabalhar nos bares] virem cá fora ter connosco, mas era mais simpático haver mais balcões rebatidos”, disse.
Este ano não deverá ir a mais nenhum festival de música, mas diz que os vai acompanhando “e nota-se que há uma evolução no sentido de haver acessibilidade”.
O responsável pela operação de acessibilidade do festival, Alberto Fernandes, que se desloca em cadeira de rodas, tem a expectativa que este ano “se ultrapasse os números do ano passado [de pessoas com mobilidade reduzida a marcarem presença no festival], que já foram muito bons”.
“Acreditamos que vamos superar os números do ano passado, porque há uma linha telefónica dedicada às questões das acessibilidades que está constantemente a receber pedidos de informação”, disse à Lusa, pelas 19:00 de hoje, junto ao espaço de acessibilidade, onde por essa hora 80% dos produtos de apoio disponíveis estavam a ser utilizados.
À entrada do recinto estão voluntários, de uma equipa de 30, que sinalizam e encaminham potenciais utilizadores, “pessoas com incapacidade permanente ou temporária”, até ao espaço de acessibilidade.
No espaço, as pessoas são convidadas a deixarem trocarem as cadeiras de rodas por “dispositivos elétricos que vão ser vantajosos para percorrer o recinto”.
Além disso, há uma pequena oficina “para fazer reparações em cadeiras de rodas”.
A Total Mobility, responsável por aquele espaço, tem também uma viatura adaptada que faz transporte de pessoas em cadeira de rodas da Gare do Oriente até ao festival e faz a gestão dos acessos às plataformas em frente aos palcos destinadas a pessoas com mobilidade reduzida.
Todos estes serviços são gratuitos.
As pessoas com deficiência que optem por ir sozinhas ao festival têm à disposição um serviço gratuito de acompanhantes, que não são assistentes pessoais.
Em frente aos dois palcos maiores há uma zona para as pessoas surdas poderem sentir a vibração do som e técnicos a fazerem interpretação dos espetáculos em Língua Gestual Portuguesa.
Nas plataformas em frente aos dois palcos maiores está disponível um serviço de audiodescrição para pessoas cegas e amblíopes.
Além disso, o festival volta a ter uma sala de pausa para pessoas com neurodivergência.
Hoje o recinto do Kalorama abriu às 16:00, mas já passava das 19:00 quando começou a encher. O calor que esteve em Lisboa hoje, e só ao final da tarde começou a amenizar, terá contribuído para isso.
O cartaz para hoje inclui Pet Shop Boys, The Flaming Lips, Father John Misty, Sevdaliza, L’Impératrice, Roi Perez e 2ManyDJs, entre outros.
O festival MEO Kalorama decorre até sábado, com artistas e bandas como FKA Twigs, Scissor Sisters, Cíntia, Best Youth, Azealia Banks, Róisin Murphy, Kelly Lee Owens, Damiano David, Branko, Carla Prata, Jorja Smith, Yakuza, Badbadnotgood, Royel Otis, e Daniel Avery.
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