
Segundo a programação anunciada, a peça de Tiago Rodrigues terá duas apresentações, a 30 de junho e a 01 de julho, no Teatro Piccolo Arsenale, no final da 51.ª edição da Bienal de Teatro.
Em palco vão estar Isabel Abreu, Anto´nio Afonso Parra, Romeu Costa, Anto´nio Fonseca, Beatriz Maia, Marco Mendonc¸a, Carolina Passos-Sousa e Rui M. Silva.
"Catarina e a beleza de matar fascistas" teve estreia em setembro de 2020, no Centro Cultural Vila Flor, em Guimarães, e está atualmente em digressão pela Europa.
Depois de Veneza, segue a 09 e 10 de julho para Frankfurt, na Alemanha, e em dezembro vai ter apresentações em Atenas, na Grécia, e em Antuérpia, na Bélgica.
A peça centra-se numa família que tem por tradição matar fascistas, ritual que a mais nova de todos, Catarina, se recusa a cumprir. Catarina argumenta que todas as vidas devem ser defendidas, sendo necessário falar e entender aqueles que acabam por votar na extrema-direita, não sendo fascistas.
O espetáculo culmina com um longo monólogo do dirigente de extrema-direita, que entretanto alcança maioria absoluta e conquista o poder.
Escrita e encenada por Tiago Rodrigues -- atualmente diretor do Festival francês de Avignon --, a peça venceu em 2022 o Prémio Ubu de melhor espetáculo estrangeiro de teatro em Itália.
Em Roma, a estreia da peça foi acompanhada de protestos de forças de extrema-direita, com um deputado do partido Irmãos de Itália (Fratelli d'Italia, agora no Governo), Federico Mollicone, a pedir que o espetáculo fosse retirado do cartaz.
Em setembro passado, numa entrevista promovida pelo Clube de Jornalistas, em parceria com a agência Lusa e a Escola Superior de Comunicação Social, Tiago Rodrigues afirmava que a peça termina daquela forma "porque é uma tragédia".
"Ali o que acontece é a vitória da extrema-direita pela incapacidade, a impossibilidade de uma democracia, naquele caso uma família que quer defender a democracia pela violência e mesmo assim é incapaz de impedir a vitória de um discurso fascista e antidemocrático", disse.
"O discurso é tão insuportável, tão provocatório que o público não pode senão reagir", prosseguiu Tiago Rodrigues, na mesma entrevista, recordando reações diversas, em diferentes palcos: "Em Portugal, têm cantado a 'Grândola', em Itália, a 'Bella Ciao', em Viena, o público levantou-se. Ver esses públicos reagir é algo que me devolve confiança, mas ao mesmo tempo preocupa-me que o público tão facilmente se revolte contra um ator".
SS (MAG/AL/CP) // TDI
Lusa/Fim
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