A Operação Au92, numa referência ao símbolo do ouro e do número atómico do urânio na tabela periódica, cumpriu oito mandados de prisão e mais 11 mandados de busca e apreensão em seis estados para desarticular organização criminosa especializada no comércio ilegal de ouro e de urânio.

A investigação identificou que, em apenas um dos negócios realizados pela alegada organização criminosa, o valor ultrapassaria os 115 milhões de reais (21,7 milhões de euros).

Num comunicado, a Polícia Federal informou que as investigações tiveram início após os polícias terem acesso a documentos que comprovariam a atuação de uma organização criminosa especializada no comércio transnacional de minério, em geral ouro e urânio, no estado brasileiro do Amapá.

"Dentre as ações do grupo, estavam a falsificação de documentos para regularizar os minerais -- pertencentes ao Governo central - e assim praticar seu comércio a partir do Amapá com outras unidades da Federação, no mercado paralelo. Em alguns casos, constatou-se que o produto do crime tinha como destino final países europeus", afirmou a autoridade policial brasileira.

Os investigadores também frisaram que identificaram indícios de que parte do ouro extraído na Guiana Francesa e Suriname era branqueado no Amapá.

"Há indícios ainda de que o produto do crime era transportado para os outros estados a partir de pistas clandestinas no Amapá. A extração do ouro também ocorria na Venezuela e era comercializada em Boa Vista, em Roraima", refere o comunicado da Polícia Federal.

As autoridades brasileiras frisaram que "restou demonstrado ainda que a organização criminosa também realizava a comercialização de urânio com compradores oriundos de países da Europa".

Os envolvidos podem responder pelos delitos de organização criminosa, branqueamento de capitais, falsidade ideológica, usurpação de matéria-prima do Governo brasileiro e extração ilegal de minério. As penas somadas podem chegar a 26 anos de reclusão.

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