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As Nações Unidas dizem que as perdas globais resultantes da degradação dos solos são três vezes superiores ao montante da ajuda pública ao desenvolvimento, e acrescentam que são necessários mil milhões de dólares por dia até 2030 para atingir os objetivos de recuperação dos solos.
No dia em que se assinalou a necessidade de lutar contra a seca e a desertificação as Nações Unidas alertam também que se a população mundial continuar a agir como habitualmente, uma porção de terra do tamanho da América do Sul (16 milhões de quilómetros quadrados) terá uma degradação contínua até 2050.
"O que é bom para a terra é bom para as pessoas e para as economias. Mas a humanidade está a degradar a terra a um ritmo alarmante, custando à economia global cerca de 880 mil milhões de dólares todos os anos - muito mais do que os investimentos necessários para resolver o problema”, disse a propósito do dia o secretário-geral da ONU, António Guterres.
Nesse sentido, exortou os governos, as empresas e as comunidades a responderem ao apelo e a acelerarem a ação relativamente aos “compromissos globais partilhados sobre o uso sustentável da terra. Temos de inverter a degradação e impulsionar o financiamento da recuperação, nomeadamente através do desbloqueamento do investimento privado".
Sob o tema "Restaurar a Terra. Desbloquear as oportunidades", as comemorações deste ano foram marcadas para Bogotá, na Colômbia, e realçam os enormes benefícios da recuperação das terras.
“Benefícios que não nos podemos dar ao luxo de ignorar, uma vez que a população mundial deverá atingir 10 mil milhões de pessoas em 2050”, disse Ibrahim Thiaw, secretário executivo da Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (CNUCD).
“Há muito em jogo para travar a competição pelos recursos naturais cada vez mais escassos: sem alimentos nutritivos, água potável e matérias-primas não há meios de subsistência; e sem eles não pode haver prosperidade económica, estabilidade política ou paz duradoura. Uma terra restaurada é uma terra de oportunidades infinitas, e depende de todos nós desbloqueá-las", salientou.
Segundo a mais recente análise da CNUCD, a recuperação de mil milhões de hectares de terras degradadas em todo o mundo poderia gerar muitos mais milhões por ano, com cada dólar investido a gerar um retorno entre 7 e 30 dólares através da melhoria dos serviços ecossistémicos e dos meios de subsistência.
Os efeitos combinados da degradação dos solos e da seca já custam à economia mundial 878 mil milhões de dólares por ano, o triplo do valor da ajuda pública ao desenvolvimento em 2023, precisam as Nações Unidas.
A África Subsariana, com 45% das terras degradadas do mundo, lidera os compromissos globais de recuperação de terras, seguindo-se a América Latina, que representam 14% das terras degradadas do mundo.
Ainda de acordo com a ONU, na Ásia Ocidental e no Norte de África 90% das terras já estão degradadas, o que, com o aumento das temperaturas, escassez de água e com os sistemas agrícolas sob pressão, coloca problemas crescentes a pessoas e ecossistemas.
A degradação dos solos é em grande parte causada pela desflorestação, agricultura insustentável e expansão urbana.
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