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A vitória de Zohran Mamdani torna-se histórica não só pela forte votação, mas também por ter derrotado Andrew Cuomo, antigo governador do estado que tentava um regresso político após a sua demissão em 2021, na sequência de acusações de assédio sexual.
Com esta vitória, Mamdani está a um passo de se tornar o 111.º presidente da câmara de Nova Iorque — e o primeiro muçulmano a liderar a cidade. Andrew Cuomo já admitiu a derrota e elogiou o adversário: “Mamdani mereceu a vitória. A sua campanha foi inteligente, impactante e inspiradora”, afirmou num discurso dirigido aos seus apoiantes.
Campanha assente em propostas progressistas
A campanha de Mamdani destacou-se por uma forte mobilização de base e por propostas claras com foco social:
- Congelamento das rendas
- Transporte público gratuito
- Medidas de justiça racial e social
O candidato contou com o apoio de nomes de peso do campo progressista do Partido Democrata, como Bernie Sanders e Alexandria Ocasio-Cortez (AOC), e atraiu especialmente os eleitores mais jovens e diversos da cidade.
A vitória de Zohran Mamdani não se explica apenas pelo desgaste de Andrew Cuomo. Foi construída com uma estratégia clara de mobilização de novos eleitores — muitos deles jovens e com pouco histórico de participação política — e pela capacidade de chegar a bairros e comunidades tradicionalmente menos permeáveis às propostas progressistas.
Com um discurso centrado em travar a escalada do custo de vida em Nova Iorque, uma das cidades mais caras do mundo, Mamdani propôs transportes públicos gratuitos, congelamento das rendas e mais justiça social. Para pagar estas medidas, defende um aumento dos impostos sobre os mais ricos — uma proposta que já mereceu um “não rotundo” da atual governadora do Estado de Nova Iorque, Kathy Hochul.
“Sem desrespeito — muitos deles são meus amigos, e tenho orgulho no trabalho que fizemos juntos”, comentou Mamdani, referindo-se a figuras mais tradicionais do Partido Democrata. “Mas a questão sobre para onde devemos levar o partido e porque certas abordagens já não funcionam tem aqui uma resposta: ideias ambiciosas, escaláveis, falar com respeito com as pessoas, incluir o maior número possível no movimento, bater a todas as portas.”
A dimensão nacional desta vitória é inegável. Embora Nova Iorque seja um bastião democrata, os sinais vindos destas primárias são lidos em Washington com atenção. Para recuperar a maioria na Câmara dos Representantes ou equilibrar o Senado nas intercalares de 2026 — e sobretudo para evitar um novo ciclo presidencial favorável a Donald Trump — os Democratas terão de ir mais longe.
Se vencer as eleições gerais em novembro, Mamdani não será apenas o primeiro muçulmano a liderar Nova Iorque. Será também o símbolo de uma nova vaga política progressista, assente na interseccionalidade e nas preocupações urbanas do século XXI.
De acordo com a análise da CNN Politics, esta vitória poderá alterar as prioridades políticas da maior cidade dos Estados Unidos, colocando no centro do debate temas como habitação acessível, mobilidade sustentável e justiça climática.
O regresso falhado de Cuomo
Andrew Cuomo, que liderou o estado entre 2011 e 2021, viu-se forçado a renunciar ao cargo após um relatório da Procuradoria-Geral confirmar várias acusações de assédio. Apesar de ainda manter influência em alguns sectores democratas mais moderados, não conseguiu recuperar o capital político perdido.
Segundo dados do New York Times, Mamdani conquistou cerca de 58% dos votos contra 41% para Cuomo, com 85% das urnas apuradas. A confirmação oficial dos resultados é esperada nas próximas 48 horas.
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