O grupo, que terá roubado pelo menos 10 mil euros a cerca de 40 vítimas, tinha como alvo principal estudantes universitários, turistas e jovens locais.

As últimas detenções aconteceram no mês passado e, segundo fontes policiais, ao JN, poderão ter colocado um ponto final na atividade deste grupo criminoso.

Na primeira dessas operações, um dos assaltantes foi apanhado depois de ter participado em três roubos num único dia. Durante as buscas, foi identificado outro suspeito de 15 anos e levado para interrogatório um terceiro elemento.

Numa segunda intervenção, realizada já no final de junho, foram apreendidos objetos furtados — como um telemóvel — e capturados mais dois jovens, residentes em zonas como São Pedro da Cova, Carvalhido e São Mamede de Infesta.

As autoridades acreditam que os principais líderes, alguns com apenas 16 anos, são os elementos que mais vezes reincidiram nos crimes. Dez desses jovens encontram-se em prisão preventiva ou domiciliária, enquanto os restantes têm de se apresentar regularmente na esquadra.

Funcionamento do grupo

A estrutura do gangue era fluida, com membros que entravam e saíam consoante a disponibilidade e os contactos. Muitos dos jovens envolvidos estudavam na mesma escola ou tinham passado pelo mesmo centro educativo. Os encontros e ações eram combinados por mensagens nas redes sociais ou chamadas, tendo como ponto de encontro habitual a estação de metro da Trindade.

As abordagens seguiam um padrão: os assaltantes aproximavam-se de jovens sozinhos, pediam um cigarro ou dinheiro e, rapidamente, cercavam a vítima. Armados com facas, exigiam objetos de valor, como telemóveis, relógios ou auriculares. Em alguns casos, obrigavam as vítimas a fazer transferências por apps bancárias ou a levantar dinheiro no multibanco. Chegaram mesmo a usar contas bancárias de terceiros para receber transferências.

No início do ano, estudantes da Universidade do Porto denunciaram ao JN vários episódios de assaltos, o que gerou receio e tensão na comunidade académica. Uma aluna relatou que um colega seu foi atacado ao regressar da Associação de Estudantes da Faculdade de Engenharia, tendo conseguido escapar, ainda que com ferimentos.

O presidente da AEFEUP identificou vários pontos críticos onde ocorreram roubos, como os percursos entre as cantinas e os edifícios universitários. Sublinhou, no entanto, que a presença mais visível da PSP contribuiu para a diminuição das ocorrências nos meses seguintes.

As autoridades continuam a investigar o caso, procurando identificar mais envolvidos e esclarecer a extensão total dos crimes cometidos.