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Um novo estudo da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto (FMUP) reforça os alertas sobre os riscos da exposição precoce a estes poluentes invisíveis mas presentes no quotidiano.

A investigação, publicada no European Journal of Pediatrics, citada pelo JN, baseia-se na revisão de 17 estudos internacionais e na análise de dados clínicos de mais de 5600 jovens de diferentes países. Os resultados apontam para uma “relação direta entre os ftalatos e alterações na regulação da tiróide, que tem um papel central em todo o organismo, particularmente no desenvolvimento cerebral”, explica Augusta Coelho, investigadora da FMUP.

Os dados recolhidos revelam um aumento dos níveis da hormona T3 e uma diminuição dos níveis da hormona T4 total, alterações consistentes com estudos anteriores realizados em modelos animais. “Há evidências claras de que a exposição aos ftalatos interfere com a função da glândula tiróide”, sublinha a investigadora.

Como a tiróide é essencial no crescimento e no desenvolvimento do sistema nervoso central, os investigadores alertam para os potenciais riscos neurológicos a longo prazo, sobretudo durante a infância e adolescência.

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Embora a regulação europeia tenha vindo a limitar a presença de ftalatos em brinquedos, muitos produtos no mercado escapam às normas. Por isso, os especialistas recomendam reduzir o uso de recipientes de plástico para armazenar alimentos, sobretudo quando aquecidos, e apelam a maior atenção a brinquedos e artigos infantis sem certificação.

“É fundamental que pais e profissionais de saúde estejam informados e atentos ao risco invisível que representa o contacto diário com plásticos”, defende a equipa da FMUP, em entrevista ao JN.

O que são os ftalatos?

São compostos químicos usados como plastificantes, presentes não só em plásticos mas também em cosméticos (como vernizes, champôs e sabonetes), materiais de construção e produtos médicos descartáveis, como luvas.

Os microplásticos, que frequentemente contêm ftalatos, estão cada vez mais presentes nos oceanos e, consequentemente, na cadeia alimentar. Já foram identificados não só em peixes, mas também em alimentos como mel, cerveja e até na água da torneira.