Os jornalistas da agência France Presse (AFP) expuseram nas redes sociais a situação de risco iminente em que vivem na Faixa de Gaza.

Qual a notícia de hoje?

Neste momento, estão dez jornalistas a trabalhar pela agência France Presse (AFP) em Gaza, na cobertura do conflito entre Israel e o Hamas. O comunicado publicado nas redes sociais pela Sociedade dos Jornalistas (SDJ) da AFP explica a urgência do problema.

"Desde que a AFP foi fundada, em agosto de 1944, perdemos jornalistas em conflitos, tivemos feridos e prisioneiros entre as nossas fileiras, mas nenhum de nós se lembra de ter visto um colaborador morrer de fome". E acrescentam: "Recusamo-nos a vê-los morrer".

De acordo com a direção, a AFP tem envidado esforços para evacuar os seus colaboradores freelancers, apesar das enormes dificuldades impostas pelo bloqueio rigoroso ao território. Entre janeiro e abril de 2024, oito funcionários da AFP e os seus familiares conseguiram ser evacuados de Gaza.

Serão os únicos a morrer à fome?

Não.

O Ministério da Saúde, gerido pelo Hamas, afirma que os hospitais registaram mais 10 mortes por fome nas últimas 24 horas.

Em comunicado, o Ministério acrescenta que isto eleva o total de mortes por fome para 111, desde os ataques de 7 de outubro de 2023.

Ahmad al-Farra, chefe de pediatria do Hospital Nasser, em Khan Younis, revelou ao programa Newsday, da BBC World Service, que não há comida há três dias: "Sem farinha, sem vegetais. Não há nada disponível", disse, revelando que as crianças chegam à sua unidade passando por vários graus de fome. Algumas, segundo ele, estão desnutridas e morrem sob os cuidados do hospital.

Outras chegam ao hospital com problemas de saúde que impedem a absorção de nutrientes pelo organismo. "Tínhamos medo de chegar a este ponto crítico – e agora chegámos", salienta.

Qual a razão para não chegar comida a Gaza?

As hostilidades em curso, as estradas danificadas e a grave escassez de combustível agravaram os problemas. Os saques criminosos por gangues armados interromperam por vezes as operações. Estes são os principais obstáculos para que a ajuda chegue a Gaza. Mas há um outro, o principal, de acordo com a ONU.

As Nações Unidas salientam agora que o principal problema é a dificuldade em obter o compromisso das Forças de Defesa de Israel (IDF) de que os palestinianos desesperados não serão mortos enquanto recebem ajuda vital. Cada vez que as suas equipas tentam recolher ajuda nas travessias, dizem os responsáveis da ONU, os civis aproximam-se dos seus camiões, que são alvejados.