
"A opinião do Governo, da Assembleia Consultiva Islâmica e da nação iraniana é que o diretor-geral da AIEA não agiu de forma imparcial em relação ao programa nuclear do nosso país", disse Pezeshkian.
Segundo um comunicado do gabinete do Presidente do Irão, Pezeshkian fez os comentários sobre o chefe da AIEA, Rafael Grossi, durante uma conversa telefónica que manteve no domingo à noite com o homólogo francês, Emmanuel Macron.
Pezeshkian disse a Macron que a recente decisão do parlamento iraniano de romper a cooperação com a AIEA "é uma resposta natural à conduta injustificada, não construtiva e destrutiva" que atribuiu a Grossi.
O Presidente iraniano acusou Grossi de "fornecer relatórios falsos sobre o programa nuclear" do Irão e de não ter condenado os recentes ataques de Israel e dos Estados Unidos contra as instalações nucleares da República Islâmica.
"Este comportamento não é de forma alguma aceitável para nós", afirmou, citado pela agência noticiosa oficial iraniana IRNA.
Israel lançou uma ofensiva contra o Irão em 13 de junho, com ataques contra instalações nucleares e militares que causaram a morte de altos comandos das forças armadas e de vários cientistas do programa nuclear.
As autoridades israelitas justificaram a ofensiva com a alegação de que o Irão estava prestes a conseguir uma bomba atómica, o que Teerão negou, afirmando que o programa nuclear do país se destinava a fins civis, nomeadamente a produção de energia.
Oito dias depois, os Estados Unidos atacaram as centrais nucleares Fordo, Natanz e Isfahan.
O Irão anunciou hoje que os ataques, que cessaram entretanto, causaram mais de 900 mortos.
Pezeshkian reafirmou que o Irão não tenciona construir armas nucleares e que os ataques de que foi alvo ocorreram quando participava em negociações com os Estados Unidos.
"O que é ainda mais lamentável é que, em vez de denunciarem e condenarem, os defensores dos direitos humanos e do direito internacional tentaram justificar esta ação desumana e ilegal do regime sionista e dos Estados Unidos", afirmou.
Pezeshkian levantou a questão de saber por que razão Israel, que não é membro do Tratado de Não-Proliferação (TNP), ao contrário do Irão, não é alvo de inspeções e relatórios da AIEA por ter armamento nuclear.
Questionou ainda que garantia terá o Irão de que as instalações nucleares do país não voltarão a ser atacadas mesmo que volte a cooperar com a AIEA, uma agência da ONU com sede em Viena, a capital da Áustria.
Pezeshkian referiu que o Irão quer resolver as questões apenas através da diplomacia e disse esperar que as organizações internacionais como a AIEA trabalhem para a paz, segundo a IRNA.
A agência oficial iraniana noticiou também que Macron disse a Pezeshkian que a França foi um dos primeiros países a condenar os ataques de Israel e dos Estados Unidos contra o Irão, e defendeu a continuação da cooperação de Teerão com a AIEA.
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