Na Avenida de Portugal, em Díli, as crianças salpicadas na berma da estrada vendem bandeiras de Timor-Leste. E na terra batida de Aimutin as bandeiras dos partidos que concorrem às legislativas erguem-se sob a roupa em segunda mão importada em fardos de Singapura.

Praticamente desde o início da campanha, em 19 de março, que alguns 'outdoors' gigantes, especialmente dos maiores partidos, estavam semeados por algumas das ruas, com poucas bandeiras partidárias penduradas nas casas.

Mas com a chegada dos grandes comícios, todos no recinto de Tasi Tolu na zona ocidental da capital, não há como ignorar que o país vai a votos, elegendo em 21 de maio os 65 deputados.

Depois do Kmanek Haburas Unidade Nacional Timor Oan (KHUNTO), do estreante Partido Os Verdes de Timor (PVT) e do Partido Democrático (PD), nos três últimos dias, é a vez das maiores forças políticas do país.

Na terça-feira a Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin) de Mari Alkatiri organiza o grande comício da capital, seguindo-se no dia seguinte o Partido Libertação Popular (PLP), do atual primeiro-ministro, Taur Matan Ruak e, finalmente, no último dia de campanha, o Congresso Nacional da Reconstrução Timorense (CNRT), de Xanana Gusmão.

Depois seguem-se dois dias de reflexão, o segundo dos quais coincide com o 21.º aniversário da restauração da independência, que curiosamente, aconteceu no mesmo recinto de Tasi Tolu, famoso em 1989 quando ali rezou missa o Papa João Paulo II.

A pensar nisso, por toda a cidade, crianças e jovens vendem bandeiras timorenses de vários tamanhos -- as pequenas variam entre os 25 e os 50 cêntimos de dólar.

As celebrações começam na sexta-feira no Palácio de Lahane, onde vão ser condecoradas dezenas de pessoas pelo chefe de Estado, José Ramos-Horta, que preside depois no sábado às cerimónias oficiais, no Palácio Presidencial, em Díli.

A jornada eleitoral, no domingo, decorre entre as 07:00 e as 15:00 locais (menos oito horas em Lisboa), com o maior número de sempre de eleitores no país e na diáspora, e o maior número de centros de votação.

Milhares de observadores de Timor-Leste e de vários países e centenas de jornalistas estão acreditados para acompanhar o voto, cujos resultados finais poderão demorar alguns dias a ser conhecidos.

No boletim de voto há 17 partidos concorrentes, dos quais sete com assento parlamentar e um que se estreia, sendo que para eleger deputados as forças políticas têm que obter mais de 4% dos votos válidos.

 

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