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A China tentou enganar os governos estrangeiros em 2024 ao minimizar a importância de um teste com míssil de capacidade nuclear realizado no Pacífico, alertaram reservadamente diplomatas neozelandeses em documentos obtidos pela AFP.
Pequim causou alarme no Pacífico Sul em setembro de 2024, quando a sua Força de Foguetes disparou uma ogiva falsa em alto-mar, próximo da Polinésia Francesa.
Notas governamentais confidenciais obtidas pela AFP revelam a grande preocupação do governo da Nova Zelândia após o lançamento surpresa, que a China classificou como "rotineiro".
Foi o primeiro lançamento chinês de um míssil de longo alcance sobre águas internacionais em mais de 40 anos, confirmam os documentos, que destacam a capacidade de Pequim de realizar ataques nucleares.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China declarou, em comunicado, que "o teste faz parte do treino militar anual de rotina, conforme o direito internacional".
"Estamos preocupados com o facto de a China classificar isso como um 'teste de rotina'", escreveram os diplomatas num memorando enviado ao Ministério dos Negócios Estrangeiros da Nova Zelândia.
"Isto não é rotina: a China não realiza esse tipo de teste com míssil de longo alcance há mais de 40 anos (...) Não queremos que esse teste se repita", indicaram.
A AFP solicitou os documentos — com grandes trechos suprimidos —, redigidos entre setembro e outubro do ano passado, com base na Lei de Informação Oficial da Nova Zelândia.
"Voltamos a questionar a China sobre o motivo da realização do teste nesse momento e por que decidiu encerrar o teste de mísseis no Pacífico Sul", escreveram os diplomatas.
A Força de Foguetes da China lançou um míssil balístico intercontinental em 25 de setembro de 2024 com pouco aviso prévio.
Imagens divulgadas pela China mostram um projétil a cortar o céu a partir de um local secreto, através de uma nuvem de fumo
Parecia ser um dos mísseis avançados Dong Feng-31, segundo analistas, uma arma capaz de lançar uma ogiva termonuclear.
O míssil de longo alcance caiu numa área do oceano designada como zona livre de armas nucleares, segundo um tratado internacional.
As ilhas do Pacífico têm preocupações neste sentido devido aos testes nucleares realizados na região nas décadas posteriores à Segunda Guerra Mundial.
"É a primeira vez que temos conhecimento de um teste de míssil com capacidade nuclear que termina dentro da zona (não nuclear) desde sua criação em 1986", escreveram os diplomatas na nota.
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