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O trabalho, liderado por cientistas do MARE da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa e da Universidade de Évora, em colaboração com o IPMA, foi publicado na prestigiada revista Aquatic Conservation: Marine and Freshwater Ecosystems e marca um avanço significativo nas estratégias de conservação marinha.

No âmbito do estudo, 15 meros criados em cativeiro na Estação Piloto de Piscicultura de Olhão foram libertados no Porto de Sines. Metade passou por um período de cinco semanas de aclimatização em jaulas no mar, enquanto os restantes foram introduzidos diretamente no oceano. Os resultados foram evidentes: cerca de metade dos peixes aclimatizados permaneceu no local de libertação durante pelo menos dez meses, com um exemplar registado na zona por mais de dois anos. Já os não aclimatizados dispersaram-se rapidamente, alguns em menos de dois dias.

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“O mero-legítimo está, para o meio marinho, como o lince-ibérico está para o meio terrestre”, sublinha Bernardo Quintella, coordenador do estudo, em comunicado, reforçando a importância deste predador de topo como indicador da qualidade ecológica do ecossistema.

A investigação recorreu à biotelemetria acústica para acompanhar os movimentos dos peixes, detetando mais de 200 mil sinais ao longo do período de estudo. A fixação dos exemplares aclimatizados sugere que esta técnica pode ser crucial para o sucesso reprodutivo da espécie e para a recuperação das populações em áreas marinhas protegidas, como o Parque Marinho do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, onde os meros têm vindo a diminuir em número e tamanho.

Além do valor ecológico, os investigadores destacam o impacto económico da espécie, que é relevante para a pesca e para o turismo subaquático na região. “A recuperação do mero pode beneficiar também as comunidades costeiras do Alentejo”, reforça João Castro, investigador da Universidade de Évora.

O estudo decorreu no âmbito dos projetos MARSW e ATLAZUL, em articulação com o ICNF e financiado por programas europeus e fundos nacionais, contando ainda com o apoio técnico da empresa Seaculture, da rede de biotelemetria CoastNet e da Administração dos Portos de Sines e do Algarve.