
Acompanhe toda a atualidade informativa em 24noticias.sapo.pt
Entrar na universidade representa muito mais do que estudar: é um passo para a independência, para novas amizades e experiências. Mas é também, para muitos jovens, a decisão financeira mais importante da vida. Em Inglaterra, com o atual sistema de empréstimos estudantis (Plano 5, iniciado em 2023), os licenciados começam a reembolsar a dívida a partir do momento em que ganham 29.400 € anuais (25.000 libras). Com as propinas a atingirem os 10.900 € por ano (9.250 libras), a dívida média acumulada já ultrapassa os 62.500 € por estudante.
E o valor vai subir: o Partido Trabalhista britânico anunciou que, a partir de setembro de 2025, as propinas aumentarão para cerca de 11.250 € por ano, com os empréstimos de manutenção também a crescerem. Isto levanta uma questão urgente: vale mesmo a pena tirar um curso universitário?
A resposta depende muito do curso e da universidade escolhidos, e a ferramenta lançada pelo jornal britânico The Telegraph ajuda a fazer contas. Cursos como Informática, Direito ou Gestão em instituições de topo podem compensar bem, com salários bastante acima da média. Por exemplo, um curso de Gestão e Negócios na Universidade de Oxford garante, em média, cerca de 110.500 € anuais (93.800 libras) cinco anos após a licenciatura. Informática em Cambridge segue de perto, com 101.500 € (86.100 libras), embora tenha perdido o primeiro lugar do ranking este ano.
Em contraste, cursos como Artes Performativas oferecem salários médios de apenas 29.200 € anuais (24.800 libras) ao fim de cinco anos – pouco acima do salário mínimo. O pior caso é o curso de Artes Criativas no Writtle University College (hoje parte da Anglia Ruskin University), cujos licenciados ganham, em média, apenas 20.200 € anuais (17.200 libras) – valor abaixo do limiar mínimo para iniciar o pagamento da dívida estudantil.
A média nacional de salário a tempo inteiro no Reino Unido ronda atualmente os 41.200 € por ano (35.000 libras), o que serve de referência para perceber o retorno de cada curso. No geral, um ano após terminar a universidade, os licenciados ganham em média 29.600 € (25.200 libras), aumentando para 37.300 € (31.800 libras) ao fim de cinco anos.
Além dos salários, a empregabilidade também varia: apenas 59% dos licenciados em Filosofia na Universidade de Cumbria estavam empregados ou em estudos avançados cinco anos após a conclusão do curso – a taxa mais baixa entre todos os cursos analisados.
Perante este cenário, muitos jovens consideram hoje outras opções, como os cursos técnicos e profissionais (apprenticeships), que permitem entrar no mercado de trabalho mais cedo, com menores custos e, em alguns casos, salários mais competitivos do que muitos cursos superiores.
Em resumo, a universidade continua a ser um bom investimento para alguns – mas está longe de ser a melhor escolha para todos. Escolher bem o curso e a instituição é fundamental para garantir que o retorno financeiro compensa o peso da dívida.
Em Portugal, a medida conhecida com "prémio salarial", que é no fundo uma devolução de propinas, pretende valorizar a qualificação como incentivo financeiro ao exercício da profissão em território nacional. Tem o "duplo objetivo" de "recompensar" aqueles que optam por seguir o ensino superior ao mesmo tempo que contribuí para a valorização dos rendimentos dos jovens qualificados que trabalham no país.
Comentários