O mérito é bom. A meritocracia é uma ideia de uma sociedade evoluída. Mas, como acontece em tantas outras situações, nada pior para estragar uma boa ideia – uma ideia com mérito – do que usá-la a pretexto de tudo e de nada e esquecê-la olimpicamente quando efectivamente deve ser invocada.
São 17 os ministros do novo governo e depois ainda virão os secretários de Estado. Mas nem todos têm a mesma importância. Não se trata de desvalorizar uma ou outra área, trata-se apenas de perceber que os danos e as virtudes que ocorram nas várias pastas não têm o mesmo impacto nas nossas vidas.
Lamento, mas não me lembro. O que felizmente me dispensa de manifestações exacerbadas sobre o perigo comunista ou sobre a reacção fascista. Sei o que aconteceu, li nos livros da História, acho que compreendi razoavelmente bem os factos e o contexto da época, mas, desculpem lá, estamos em 2015 e não
Sinceramente, a crise política que vivemos interessa-me pouco. Não porque ela não vá ter peso e influência na vida de todos nós - oh se vai… -, mas porque me irrita ouvir as mesmas palavras em bocas diferentes, os mesmos argumentos em sentidos contrários. A repetição aborrece e cansa-me. Já ouvi dep
O dia foi histórico mas nada teve de heróico. Foi histórico porque, pela primeira vez em quatro décadas de democracia, o PCP e o Bloco de Esquerda aceitaram fazer um compromisso que permite dar posse a um governo. E independentemente do que se pense sobre isso, este é um facto que pode mudar as regr
Pronto, já temos um governo de Esquerda, ou melhor, um governo minoritário do PS com o apoio da CDU e BE, e, à medida que se conhece a substância do acordo, a forma, as medidas, os números, as 138 páginas, mais reservas ele suscita, mais dúvidas se levantam sobre a sua credibilidade e consistência.
Sabia que a personalidade de Passos Coelho é parecida com a de Jerónimo de Sousa? E que Paulo Portas tem muito em comum com Catarina Martins? Já António Costa tem um posicionamento muito invulgar… E é por isso que a luta pelo poder está ao rubro!
A máquina de triturar políticos - este é o subtítulo do livro de Liliana Valente e Filipe Santos Costa sobre o jornal "O Independente", criado por Paulo Portas e Miguel Esteves Cardoso em 1988. Por entre capas inesquecíveis, "as cachas, os escândalos, as manchetes, os editoriais corrosivos de Port
É de crer que muitos casais chineses tenham passado a noite de quinta-feira a fazer amor sem restrições, a celebrar o fim da imposição de filho único, política que vigorava na China há 35 anos. Na manhã de sexta-feira apareceu quem saudasse a evolução decidida pelos donos do poder em Pequim. Convém,
Catarina Martins já tem pose de ministra, já fala como ministra, por isso, só falta mesmo ser ministra do mais do que provável governo de coligação de Esquerda, uma nova troika sem um cheque de 78 mil milhões de euros, mas com a responsabilidade de não deitar fora o que foi feito no país nos últimos
Começa de mansinho, como se fosse apenas mais uma. Não tarda e é uma balada e quase nos convence, pelo tom, de que se trata de um love affair, apenas mais um love affair, que, como todos os outros, pode acabar mal, mas também pode acabar bem.
O que parece mais interessante no momento político nacional - e até, quem sabe, objecto de estudo para o futuro - é o facto de os protagonistas, sem excepção, protagonizarem uma qualquer personagem, interpretarem um papel, e ficcionarem a realidade como se efectivamente vivessem nesse inexistente mu
Já estamos em Portugal quase todos a ir ao roupeiro buscar as roupas mais aconchegadas para o inverno. O frio chega à Europa ao mesmo tempo que centenas de milhar de refugiados de guerra. São, só neste último mês, 250 mil que batem à porta. A maior parte foge da guerra civil que desde 2011 devasta a
Se o governo de Pedro Passos Coelho cair no Parlamento, Cavaco Silva vai ter de escolher entre um governo minoritário do PS com apoio dos partidos anti-europeus e um governo de gestão ou, no limite, de iniciativa presidencial. E, se nenhuma das opções impedirá eleições a curto prazo, a opção por um
A seguir à comunicação ao país do Presidente da República fiz um radar rápido às opiniões verbalizadas em sites e redes sociais. Uns acharam péssimo, outros acharam extraordinário. Tudo normal, a esquerda ficou mais irritada, a direita ficou mais aliviada (e vice-versa também, por incrível que possa
Nós cumprimos o nosso papel (falo por mim, claro, e pelos que foram até às câmaras eleitorais): votámos no dia 4 de Outubro. Depois, coube àqueles senhores entenderem-se sobre a melhor forma de continuar a delapidar o país e a dar-nos cabo da paciência… Pelos vistos, não chegam a qualquer acordo, ai
Que governo vamos ter daqui a um mês? Quem vai ser o primeiro-ministro? Vamos ter Orçamento do Estado aprovado para entrar em vigor no dia 1 de Janeiro? Há alturas em que a imprevisibilidade reina. Este é um desses tempos. No momento em que escrevo não sei o que vai o Presidente da República fazer e
António Costa está há duas semanas em modo de sobrevivência, põe em causa um sistema que dura há 40 anos e que permite que o partido mais votado forme governo, mesmo em minoria, e negoceia à Direita (!) e à Esquerda como se fosse tudo igual. Perante esta sucessão inaudita de eventos, se as eleições
A Turquia afasta-se do horizonte europeu e resvala cada vez mais para o Médio Oriente dilacerado pela intolerância, pelo autoritarismo e pelo sectarismo. No começo deste século XXI, o movimento era o oposto: a Turquia, com reformas democráticas e fulgurante crescimento da economia, aproximava-se da
Vamos lá recapitular: a coligação ganhou as legislativas, certo? O PS perdeu as legislativas, certo? A resposta é ‘sim’ a ambas as perguntas, portanto, tendo em conta que Passos e Portas não têm maioria absoluta, estão a negociar um entendimento com António Costa, certo? Errado, o líder do PS anda e
A minha primeira intenção era ter escrito esta crónica na terça-feira à noite. O tema do momento, incontornável, é a situação política. Depois da declaração de Cavaco Silva - mensagem: entendam-se lá todos no Parlamento menos com o PCP e o Bloco de Esquerda - importava saber qual a posição dos socia
Agora que já passaram 48 horas sobre o acto criador da nova realidade política em Portugal e umas horas depois de Cavaco ter apelado ao "tempo do compromisso", há duas ou três coisas que podíamos falar entre nós, eleitores e cidadãos portugueses.
A coligação ganhou as eleições, o PS perdeu. É este o ponto de partida que precisa de ser aceite por todos – e pelos vistos nem todos o aceitam – para ser possível a formação de um governo que tem de ter no Parlamento as condições de governabilidade equiparadas àquelas que os portugueses lhe deram n