“Os números mostram um arrefecimento e a perceção atual sugere que já estamos à beira de uma recessão”, disse o ministro no Fórum Económico Internacional de São Petersburgo (SPIEF).

De acordo com Reshetnikov, “o número de empresas em risco está a aumentar” e dependerá das próximas decisões a serem tomadas pelos responsáveis pelo desenvolvimento económico do país, especialmente em matéria de política monetária, mas também da perceção do próprio setor empresarial.

O ministro pediu também “um pouco de amor pela economia” à governadora do Banco Central russo, Elvira Nabiulina, que tem mantido uma política dura de taxas de juro elevadas com o objetivo de baixar as elevadas taxas de inflação que assolam o país.

Por seu lado, Nabiulina confessou que muitos dos recursos para o crescimento do atual modelo económico russo estão esgotados.

“Há dois anos que estamos a crescer a um ritmo bastante elevado, graças à livre utilização dos recursos, incluindo a força de trabalho, a capacidade de produção, a substituição das importações, bem como os recursos acumulados do orçamento do Fundo Nacional de Segurança Social e a reserva de capital bancário que serviu de base para a aceleração dos empréstimos emitidos”, disse.

No entanto, “temos de perceber que muitos destes recursos se esgotaram, pelo que temos de pensar num novo modelo económico”.

Entretanto, o ministro das Finanças, Anton Siluanov, afirmou que o modelo atual ainda é viável e Reshetnikov apelou a mudanças moderadas.

“Vivemos num mundo complexo. A Rússia está a crescer a um ritmo notável enquanto as sanções nos rodeiam e agora fala-se em mudar o modelo económico. Temos de nos concentrar na soberania tecnológica. O modelo atual funciona”, declarou Siluanov.

Repetidamente ecoando a palavra “arrefecimento” da economia, o ministro das Finanças argumentou que “depois do arrefecimento vem o verão”.

Atualmente, a economia russa estagnou devido à falta de investimento no país, consequência das elevadas taxas de juro, que este mês baixaram de 21% para 20%, o que levou também à falência de um grande número de empresas que não puderam pedir empréstimos.

Hoje mesmo, o porta-voz da direção do banco estatal russo Sberbank, Anatoly Popov, afirmou que o investimento no país seria relançado se as taxas de juro fossem reduzidas para entre 12% e 14%.

Mas o Presidente russo tem-se mostrado otimista sobre a economia do seu país e, apesar de ter admitido recentemente que este ano seria menos bom do que o anterior, sempre falou de crescimento e de resiliência às sanções internacionais impostas após o início da guerra da Ucrânia em 2022.

No final de maio, vangloriou-se de que a Rússia “ocupa o quarto lugar no mundo em termos de paridade de poder de compra”, o que voltou a defender esta manhã numa reunião com representantes das principais agências internacionais.