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“É uma honra poder dizer ‘muito obrigado’ pelo exemplo mas também pela inspiração que nos é legada e que exige que estejamos à altura da mesma responsabilidade”, afirmou Montenegro, durante uma intervenção em que evocou o percurso político de Cavaco Silva.

O chefe do Executivo traçou paralelos entre o contexto atual e o período de governação de Cavaco Silva, sublinhando que, “hoje como há 40 anos”, as prioridades do Governo continuam a ser “a criação de infraestruturas”, a redução da “carga burocrática na Administração” e a “garantia de uma verdadeira igualdade de oportunidades” nos setores da Saúde e da Educação.

Montenegro destacou ainda a importância do investimento público na Habitação, referindo que o esforço atual “só encontra proximidade com aquele que foi feito nos governos de Aníbal Cavaco Silva”.

Governo assinala 40 anos do primeiro Executivo de Cavaco Silva com homenagem em São Bento
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Num tom mais político, o primeiro-ministro aproveitou também para deixar uma crítica aos detratores do antigo líder, incluindo os que atuam na comunicação social. Recordando os resultados eleitorais de Cavaco Silva, Montenegro sublinhou que o ex-primeiro-ministro foi o político português com mais vitórias nas urnas e frisou: “Quando os portugueses foram chamados às urnas, sem nenhum intermediário, foram claros: ‘É em si que confiamos’.”

No fecho da sua intervenção, Luís Montenegro afirmou que o seu Governo “tem uma inspiração sacarneirista”, mas que “do ponto de vista da inspiração governativa, a sua referência e inspiração é Aníbal Cavaco Silva”.

“Como ele, sentimos a responsabilidade de ser um farol”, concluiu.

Recorde-se que hoje o Governo assinala 40 anos da tomada de posse de Aníbal Cavaco Silva como Primeiro-Ministro e o palácio de São Bento acolhe a exposição com fotografias de Rui Ochoa.

Cavaco Silva: "Nobody's perfect. Em política, os erros não podem ser escondidos"

O antigo primeiro-ministro e ex-Presidente da República Aníbal Cavaco Silva disse também na cerimónia estar snsibilizado pelas palavras do primeiro-ministro e agradeceu o reconhecimento, mas não deixou de fazer um balanço direto e, em alguns momentos, crítico da sua passagem pelo Executivo.

“O X Governo gozava apenas de um apoio minoritário dos deputados. Todas as previsões antecipavam que não seria primeiro-ministro mais do que seis meses. O deputado Manuel Alegre disse que se tratava de um governo com data para morrer. As previsões dos analistas políticos, às vezes, falham. Acabei por exercer a função de primeiro-ministro por dez anos”, recordou.

O antigo chefe do Governo admitiu que o início da sua carreira política foi marcado por dificuldades e pela necessidade de adaptação. “A tarefa de um primeiro-ministro é muito dura, exigente e trabalhadora. Quando cheguei a primeiro-ministro tinha óbvia falta de experiência parlamentar. Tive muito que aprender”, reconheceu.

Cavaco Silva destacou, no entanto, o ambiente político da época, que considerou mais civilizado do que o atual. “Havia ausência de má educação e de agressividade”, afirmou, sublinhando que “a comunicação social daquele tempo também era diferente”, já que, “à exceção do semanário Independente, ninguém procurava títulos agressivos sobre o que de mal acontecia no país”.

O ex-governante fez também uma reflexão sobre momentos marcantes do seu mandato. Como episódio mais difícil, mencionou a remodelação governamental no final de 1989, que descreveu como “um momento muito solitário”, embora tenha lembrado que, pouco tempo depois, conquistou “uma nova maioria absoluta” nas eleições de 1991.

Entre as conquistas, destacou a revisão constitucional negociada com o então líder do PS, Vítor Constâncio, que, segundo o próprio, “foi decisiva para o país vencer o desafio da integração europeia”.

Cavaco Silva aproveitou ainda para refletir sobre o funcionamento dos executivos, afirmando que “um bom Governo é aquele que tem verdadeira equipa, que tem uma estratégia para alcançar os objetivos definidos e que é capaz de garantir uma boa articulação e sintonia entre os Ministérios”. Contudo, admitiu: “Não consegui que fosse assim plenamente”.

O antigo primeiro-ministro terminou o discurso com uma nota de humildade e autocrítica: “Para um Governo, por mais que se esforce, é impossível evitar falhas e erros. Nobody’s perfect. Em política, os erros não podem ser escondidos. Mas, em política, tal como no futebol abundam os treinadores de bancada”.

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