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Apesar de Portugal figurar entre os países europeus com mais médicos por mil habitantes, muitas urgências do Serviço Nacional de Saúde (SNS) continuam fechadas por falta de profissionais e as listas de espera para cirurgias e consultas não param de crescer, diz a CNN.

Dados recentes revelam que, dos mais de 66 mil médicos inscritos na Ordem dos Médicos (OM), apenas cerca de 14 mil são especialistas com idade inferior a 50 anos e exercem no setor público, estando disponíveis para cumprir todas as escalas de urgência hospitalar.

Esta discrepância significa que mais de 78% dos clínicos registados não participam nas urgências hospitalares como especialistas. Muitos médicos portugueses, como obstetras, ortopedistas ou pediatras, optaram pelo setor privado, tornaram-se médicos “tarefeiros”, aposentaram-se ou ultrapassaram a idade legal para integrar todas as escalas de urgência. Diariamente, cerca de quatro médicos deixam o SNS, seja por reforma, seja por rescisão com hospitais ou centros de saúde.

A falta de especialistas impacta diretamente os cidadãos, já que Portugal regista uma das maiores frequências de recurso a serviços de urgência na Europa. Um relatório da Entidade Reguladora da Saúde indica que, em 2023, ocorreram 64 episódios de urgência por cada 100 portugueses, mais do dobro da média dos países da OCDE, que se situa nos 38 episódios.

A situação agrava-se com o aumento do número de médicos sem especialidade. Desde 2019, este grupo mais que duplicou, passando de 12.969 para mais de 23 mil em 2024. Estes profissionais podem ainda estar em formação ou ter optado por não adquirir especialidade, mas são essenciais para manter serviços hospitalares abertos. Ao mesmo tempo, o número de especialistas manteve-se estável em cerca de 41 mil, com um pico de 44.280 registado em 2023.

O SNS também recorre a médicos “tarefeiros”, cerca de quatro mil profissionais contratados para prestar serviços específicos em unidades públicas, sem integrar os quadros oficiais. Muitos destes médicos acumulam funções com o sector privado. Em 2023, os pagamentos do Estado a estes profissionais ascenderam a 283 milhões de euros, e até agosto de 2024 já ultrapassavam 165 milhões.

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