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O relatório “Diabetes: Factos e Números 2022-2024”, da Sociedade Portuguesa de Diabetologia revela que cerca de 44% dos casos de diabetes permanecem por diagnosticar, o que mostra uma lacuna significativa no rastreio e na integração de dados provenientes do setor privado.
A hiperglicemia intermédia, ou pré-diabetes, atinge 28,8% da população adulta, o que significa que 43% dos portugueses entre os 20 e os 79 anos têm diabetes ou estão em risco elevado de desenvolver a doença. O número de novos diagnósticos também atingiu um máximo histórico em 2024, com 88.467 casos registados nos Cuidados de Saúde Primários — o equivalente a 782 novos casos por 100 mil habitantes. Nos últimos dez anos, este número aumentou mais de 20%. A obesidade continua a ser o principal fator associado: 90% das pessoas com diabetes apresentam excesso de peso, e a prevalência da doença entre pessoas obesas é quase quatro vezes superior à das pessoas com peso normal.
O relatório mostra ainda que, apesar da redução de 39% dos anos potenciais de vida perdidos por diabetes na última década e de uma ligeira diminuição da mortalidade associada, a doença continua a ser responsável por 2,7% de todas as mortes em Portugal.
O número de amputações dos membros inferiores mantém-se estável há uma década, o que é considerado preocupante. Já as hospitalizações por diabetes diminuíram 14% desde 2017, embora a doença esteja presente em um em cada cinco internamentos hospitalares. Mais de 90% das hospitalizações envolvem doentes adultos, e a letalidade intra-hospitalar por complicações agudas permanece elevada, apesar de ter baixado ligeiramente em 2024.
Nos Cuidados de Saúde Primários, o número de pessoas com diabetes registadas no SNS ultrapassou um milhão em 2024. Cerca de 85% dos utentes tiveram pelo menos uma consulta, o que reflete a recuperação da atividade assistencial após a pandemia. A média é de 2,7 consultas por doente por ano.
Verificam-se melhorias no controlo glicémico (HbA1c) e da pressão arterial, embora menos de metade das pessoas com diabetes apresente valores dentro das metas clínicas recomendadas. O relatório refere ainda que o rastreio da retinopatia diabética atingiu cerca de um terço da população com diabetes, o valor mais alto da última década, e aumentaram os registos de observação do pé e de microalbuminúria, indicadores importantes para a prevenção de complicações. No entanto, persistem assimetrias regionais e a falta de integração dos dados continua a limitar a formulação de políticas eficazes.
O custo direto da diabetes em Portugal foi estimado entre 1.500 e 1.800 milhões de euros em 2024, correspondendo a 0,5 a 0,6% do PIB e entre 5 e 6% da despesa total em saúde. A presidente do Observatório Nacional da Diabetes, Rita Nortadas, sublinha que a diabetes representa um problema de saúde pública e económico de grande dimensão e defende que investir na prevenção e na gestão da doença é investir na sustentabilidade do sistema de saúde e na qualidade de vida das pessoas.
Em termos internacionais, Portugal está ainda distante das metas globais da Organização Mundial da Saúde para 2030, que prevêem 80% das pessoas com diabetes diagnosticadas, 80% com glicemia e pressão arterial controladas, 60% dos maiores de 40 anos medicados com estatinas e 100% das pessoas com diabetes tipo 1 com acesso a insulina e sistemas de auto-vigilância da glicose. Em 2024, apenas 56% das pessoas com diabetes estavam diagnosticadas, o que evidencia a necessidade de reforçar o rastreio e melhorar o registo de dados.
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