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O governo britânico classificou a organização Palestine Action como grupo terrorista, depois de vários membros terem invadido a base aérea de RAF Brize Norton e causado prejuízos estimados em sete milhões de libras em aviões militares.
A partir dessa decisão, tornar-se membro ou expressar apoio público ao Palestine Action passou a ser crime, com penas que podem chegar até 14 anos de prisão.
A secretária de Estado da Administração Interna, Yvette Cooper, afirmou que a decisão se baseou em “fortes pareceres de segurança” que demonstravam não só ataques já cometidos, mas também planos e intenções para futuras ações.
Embora o grupo alegue que apenas danifica propriedade e não ataca pessoas, o governo considerou que os métodos utilizados configuram ameaça séria à ordem pública e à segurança nacional, indo para além de protesto pacífico.
Os advogados desta ONG têm argumentado que a proibição de apoio público representa "um abuso autoritário" de poder, de acordo com a BBC.
De recordar que, a partir da proibição, qualquer demonstração pública de apoio, pertença ou promoção da organização passou a ser ilegal. Isto significa que segurar um cartaz, usar símbolos ou até expressar apoio verbal pode levar a acusações criminais.
Quais as últimas detenções?
Mais de 700 pessoas foram detidas desde que o grupo Palestine Action foi proibido no Reino Unido em 5 de julho de 2025.
Durante um protesto em 9 de agosto em Londres, em Parliament Square, foram registadas mais de 500 detenções. Até ao momento, 67 pessoas foram formalmente acusadas de apoiar o grupo, segundo a Polícia Metropolitana.
Recentemente, um pastor baptista foi detido em Oxford por segurar um cartaz onde se lia: "Oponho-me ao genocídio, apoio a Palestine Action". O religioso foi levado por dois agentes e posteriormente libertado sob fiança, enquanto as autoridades aguardam aconselhamento sobre eventuais acusações formais.
Apesar de não ser membro do movimento, Grote declarou antes do protesto que apoia a estratégia de "interromper qualquer atividade empresarial no Reino Unido que forneça armas para a guerra em Gaza". O pastor defendeu ainda que as ações do grupo visaram apenas propriedades e não pessoas, pelo que, na sua opinião, não deveriam ser enquadradas como terrorismo.
"A Palestine Action entrou em edifícios e causou danos materiais, não atacou pessoas; isso não é terrorismo. O verdadeiro terrorismo é o bombardeamento de Gaza até se reduzir a pó. Também o foi o massacre de 7 de Outubro, levado a cabo pelo Hamas", evidenciou.
A polícia britânica sublinhou, entretanto, que "as pessoas têm o direito de protestar de forma legal, mas comportamentos que possam ultrapassar a fronteira para a criminalidade serão alvo de investigação e eventual acusação".
Outro detido foi Jonathon Porritt, antigo conselheiro do rei Carlos III e ex-diretor da organização ambientalista Friends of the Earth. Numa entrevista à BBC Newsnight, Porritt afirmou ter chegado à conclusão de que o governo britânico é "incontestavelmente cúmplice" de genocídio, acusando o Reino Unido de manter a venda de armas a Israel e de recusar cumprir orientações do Tribunal Internacional de Justiça.
Alice Oswald, uma das poetisas mais aclamadas da Grã-Bretanha, também foi detida por segurar uma placa em apoio ao movimento.
A escritora irlandesa Sally Rooney escreveu também um artigo de opinião no The Guardian onde manifestava o seu apoio à Palestine Action. "Não é um grupo armado. Nunca foi responsável por nenhuma fatalidade e não representa nenhum risco para a população. Os seus métodos envolvem sabotagem de propriedade, o que é, obviamente, ilegal. Mas se matar 23 civis num local de distribuição de ajuda humanitária não é terrorismo, como podemos aceitar que pichar um avião seja?".
Também a Amnistia Internacional considerou “profundamente preocupantes” as detenções em massa, defendendo que o enquadramento legal britânico em matéria de terrorismo é demasiado amplo e vago, constituindo uma ameaça à liberdade de expressão.
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