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A investigação revela um fenómeno crescente entre jovens de 13 a 17 anos em Inglaterra e no País de Gales: um em cada quatro adolescentes tem recorrido, no último ano, a chatbots de inteligência artificial para apoio em saúde mental, diz o The Guardian.

As conclusões, baseadas num inquérito a mais de 11 mil jovens conduzido pelo Youth Endowment Fund, mostram ainda que cerca de 40% dos adolescentes afetados por violência juvenil – enquanto vítimas ou perpetradores – utilizam estes sistemas para procurar conselhos e suporte emocional.

O caso de Shan, nome fictício, ilustra este movimento. Depois de perder dois amigos, um abatido a tiro e outro esfaqueado, a jovem de Tottenham tentou recorrer aos serviços de saúde mental tradicionais, mas acabou por procurar ajuda junto de modelos de IA. Primeiro no chatbot da plataforma Snapchat e depois no ChatGPT, Shan encontrava ali algo que descreve como “mais seguro, menos intimidante e sempre disponível”. Dizia sentir que estava a falar com um “amigo”, capaz de responder com familiaridade e sem julgamentos, algo que não reconhecia nos atendimentos presenciais do NHS ou de instituições de caridade.

O estudo sugere que a procura por chatbots corresponde a lacunas claras no acesso aos serviços de saúde mental: as longas listas de espera, a sensação de falta de empatia e o receio de quebra de confidencialidade levam muitos jovens a preferir a via digital. A privacidade é vista como um fator determinante.

Entre rapazes envolvidos em atividades de gangues, o receio de que pedidos de ajuda pudessem chegar à polícia ou a outros membros das próprias redes criminosas torna os chatbots particularmente atractivos. Segundo o testemunho recolhido pelo jornal britânico, estes jovens sentem-se mais seguros a pedir conselhos sobre alternativas “mais seguras” para ganhar dinheiro ou lidar com situações de risco.

Os dados revelam ainda que crianças negras têm o dobro da probabilidade de recorrer a chatbots, em comparação com crianças brancas. Além disso, os adolescentes que aguardam tratamento ou diagnóstico, ou que já foram recusados pelos serviços presenciais, são significativamente mais propensos a procurar ajuda online do que aqueles que já recebem apoio regular.

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