
“Tenho uma elevada expectativa de adesão a este processo”, disse Gouveia e Melo à comunicação social junto a um centro de vacinação em Loures.
De um universo entre os 190 mil e os 200 mil jovens, inscreveram-se 165 mil, confirmou o vice-almirante, responsável da task-force que coordena o esforço de vacinação contra a Covid-19.
Após visitar vários centros de vacinação durante a manhã, Gouveia e Melo disse ter visto “muita gente alegre por poder finalmente ser vacinada". "Estou muito confiante que isto está a correr tudo bem”, frisou.
Quando questionado se o esforço de vacinação é mesmo a opção mais eficaz contra a pandemia — que ontem fez Portugal chegar a um milhão de infetados —, o coordenador recorreu à ironia.
"Quem não acredita nisso, podia esperar para ficarmos infetados os 10 milhões. Só infectamos um milhão em 10 milhões porque entretanto iniciou-se um processo de vacinação que nos vem resgatar de uma situação em que estávamos reféns de um vírus. Isso é o avanço da ciência", atirou.
A esse propósito, o vice-almirante disse também sentir-se confiante para apelar aos jovens que se vacinem, depois da luz verde da Direção-Geral da Saúde.
“Eu estou num combate em que deixar espaço ao combatente inimigo para progredir é uma péssima estratégia, eu quero tirar todo o espaço possível”, disse o vice-almirante. No entanto, esse processo tem de decorrer "em segurança" que, continuou, lhe foi "garantida pela DGS".
"Sinto-me confortável em agradecer a estes jovens que participam neste combate connosco. Venham vacinar-se. Como isto é uma pandemia, não há maneira de nos escondermos, é uma questão de tempo de sermos apanhados”, alertou.
Gouveia e Melo elogiou ainda a adesão da população à vacinação. “Tenho uma excelente opinião dos portugueses e do nosso povo. Somos resilientes, sensatos e somos um povo com uma longa história. Já errámos muito, mas também já fizemos coisas muito boas", disse.
O elevado ritmo da vacinação, segundo o vice-almirante, deve-se à "sensatez da população". "Porque é que avançámos o nosso processo de vacinação mais do que nos outros países? Porque encontraram a certa altura uma barreira negacionista e nós não estamos a encontrá-la. Isso é maturidade, porque o obscurantismo no século XXI existe e as redes sociais muitas vezes propagam bolhas de obscurantismo. Felizmente, o nosso povo tem sido relativamente imune a isso", disse Gouveia e Melo.
Vacinas por usar não serão desperdiçadas
Confrontado com as notícias de que Portugal tem um lote de vacinas prestes a passar de validade, Gouveia e Melo confirmou essa informação e prestou detalhes. “As vacinas com menor validade acabam no fim de outubro, são cerca de meio milhão, todas da Astranezeca mas estão a ser doadas para utilização imediata. Portanto, não se vão desperdiçar vacinas nenhumas. Temos muito cuidado com isso”, adiantou.
Os locais de destino para estas vacinas são, segundo o vice-almirante, Angola, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde e Timor-Leste. “Estamos a ajudar os PALOP, são os países com quem temos mais afinidade, mas tenho a sensação de que podermos também ajudar outros países num concerto internacional", disse, afirmando que "ao todo já foram doadas mais de 200 mil vacinas".
A esse respeito, Gouveia e Melo aproveitou para lembrar a quem pede uma terceira dose da vacina em Portugal para que se olhe "para o processo de forma mundial" pois "muitos países nem a primeira ainda têm".
"Quero dizer que não se deve ir por caminhos que nos retiram a capacidade de olhar para o mundo por receios infundados ou por estudar, ao sermos usados em estratégias até comerciais que nada têm de ético. O mundo precisa de ser vacinado, porque senão vamos ter um efeito de boomerang, porque vai-se mutar e poderá vir atacar-nos quando acharmos já estar protegidos. Nós, mundo ocidental”, disse.
É por isso que, para Gouveia e Melo, "é uma altura única para mostrarmos alguma superioridade ética e ajudarmos o mundo mais subdesenvolvido a livrar-se deste vírus”. “Temos de decidir - e não apenas no nosso país, mas nos países mais avançados e com mais capacidade económica - se pudemos ajudar os outros países com menos capacidade económica, porque o mundo bem precisa de solidariedade”, defendeu.
O responsável pelo processo de vacinação em Portugal disse não gostar de “desperdiçar uma única vacina”, admitindo que num processo logístico que envolve “milhões de doses” é normal perderem-se algumas: “Parte-se um frasco, ou há uma degradação da cadeia de frio”.
Até ao momento, segundo números do vice-almirante, perderam-se pouco mais de 20 mil vacinas, o que é "estatisticamente bastante razoável" quando comparado com outros países.
“Claro que não fico contente por termos perdido vacinas, eu queria ter perdido zero”, admitiu, recordando que a pandemia de covid-19 obrigou a montar cerca de 300 centros de vacinação um pouco por todo o país para dar resposta ao programa de vacinação.
Os dados mais recentes mostram que 63,84% dos portugueses estão completamente vacinados contra a covid-19 e mais de 70% recebeu pelo menos uma dose.
Este fim de semana chegou a vez dos adolescentes de 16 e 17 anos: Dos cerca de 200 mil jovens, inscreveram-se cerca de 160 mil, sendo que os centros de vacinação estão abertos para receber os restantes.
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